18 de junho de 2017

fluxo ou a participação ativa do rio

minha vida é um rio de água forte
Inunda, transforma, leva
ocupa o que puder
lava o que tiver
meu corpo é uma bóia
carregando com pouco cuidado o peso que tenho
mas não me espanto, minha bóia é frágil
a qualquer momento estoura, fura
ainda que estática, é anatômica
se curva diante dos desafios da água
é preciso que eu tenha cuidado com minha bóia
é com ela que consigo acompanhar o movimento deste rio
ora água barrenta, ora cristalina
não me assusto, o rio tem suas fases e curvas
assim como eu e minha bóia
a todo instante vejo pedras
em uma espécie de esperança e desespero
me agarro a algumas delas
estou exausta
não estou preparada pra tanto movimento
meu coração sente vertigem
escorrego,
pedra nenhuma é suficiente para a forca que mora n`água
voltamos a navegar: eu, a bóia, a pedra e o rio
bato em novas pedras que aparecem a frente,
mas meu peso está maior, trago uma comigo
solto,
vejo com saudade e alívio a pedra sumindo rumo ao fundo da água
estou pronta para seguir com meu rio
eu e minha bóia
frágeis, expostas
não há o que eu possa fazer além de seguir o fluxo
do rio de água forte
minha vida,
meu corpo,
meu ser,
em constante movimento e transformação.

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